sábado, 21 de novembro de 2009

Aprendendo a "ganhar-ganhar"

O sábado foi movimentado, aula no AXO de manhã e reunião almoço no IMD.
Discutimos um texto de um educador colombiano, Bernardo Toro, divulgado na revista Carta na Escola. Toro posiciona-se a favor de uma escola que precisa aprender a construir coletivos com base em outra lógica que a “ganhar-perder”.
O corpo docente tem de tornar o ambiente de aprendizagem um lugar livre de humilhações e preconceitos, combatendo a todo custo o bullying. Para isso, Toro dá muita importância à capacidade de se articular, de criar “contratos sociais” que tanto protegem quanto controlam seus envolvidos.
O mais difícil neste caminho rumo a uma escola mais associativa e democrática é mudar nossa forma de pensar, por demais impregnada em uma corrida na qual sempre existem vencidos e vencedores, ainda somos prisioneiros da lógica “ganhar-perder”.
Um dos indicadores mais graves de pobreza em uma sociedade é a falta de organização, esta só se consegue com proteção de direitos e autoregulação. Estar organizado significa pertencer ao grupo. A possibilidade de uma pessoa atuar e ser respeitada em uma sociedade depende, fundamentalmente, dos contratos sociais que ela possui. É muito difícil que se violem os direitos de alguém que tenha uma boa rede de contratos porque o sistema o protege. Na escola esse tipo de rede de proteção social se dá quando a criança se sente segura e respeitada refletindo no seu rendimento escolar.
Uma escola democrática deve construir regras coletivamente, deixar que as próprias crianças escolham seus líderes nas diversas demandas cotidianas. Mas isso só funciona se não há bullying na escola, porque, se isso acontece, todos terão medo de contrariar aquele que aterroriza seus colegas e é o mandão da classe.
A “profecia autocumprida” quando o professor condena, antecipadamente, um aluno a partir de suas impressões ou de seus preconceitos precisa ser combatido, pois a condição de pertencimento a um grupo está relacionada à capacidade daquela pessoa de oferecer soluções ao coletivo. Os grupos humanos rapidamente percebem quem tem essas soluções. Uma equipe é mais madura quando reconhece essas capacidades.
Toro defende o modelo “ganhar-ganhar”. Mas a escola tem uma grande tendência a adotar o modelo “ganhar-perder”: quem é o mais inteligente? O mais forte? O mais bonito? O mais bem vestido? O mais educado? Este, no caso, acaba sempre sendo aquele mais submisso. Todos nós estamos imersos em modelos “ganhar-perder”.

Para onde caminha a humanidade

O século XXI, marcado por rápidas transformações tecnológicas, está impregnado por uma falta de limites sem precedentes nas relações humanas. Adolescentes acham-se no direito de agredir verbal, quando não, fisicamente, seus professores, com arrogância e desrespeito jamais imaginados.
Passamos muito rápido do “tempo” em que nossos pais só nos olhavam e já sabíamos o que era para fazermos ou não, professor era respeitado como alguém que nos tornava mais humano e intelectualmente desenvolvido. Para um “tempo” onde se grita e se xinga pais e professores de igual para igual. Uma geração de jovens prepotentes e resistentes a frustrações, querendo satisfação imediata a seus desmandos ( a droga e a polícia que o diga).
Fico preocupada com o futuro. O Planeta já dá mostras dos nossos hábitos de consumo, através do aquecimento global, mas são as relações que estão agonizando.
Ou retomamos valores esquecidos e substituídos por pedagogias de modismos, ou não haverá educadores para as próximas gerações, isto é, as licenciaturas estão carentes de candidatos, pois as más condições de trabalho e salariais possuem maior visibilidade do que a força do sonho de contribuir com a formação de um ser humano.
Trabalho com todas as classes sociais, graças a Deus, e a maior diferença entre os meus alunos é a educação que possuem, buscam e colocam em prática.
A passividade é uma doença e a intolerância um câncer. Quem educará as próximas gerações? Computadores e outras mídias? A informação está ao alcance de todos, mas e a significação de conteúdos e a mediação nas relações prescindem da bagagem cultural e maturidade de um adulto, seria este o papel do educador.

sábado, 14 de novembro de 2009

Jantar Baile dos 20 anos do Integrado UPF

Ontem, no salão principal do Clube Caixeiral, aconteceu à última das muitas atividades em comemoração aos 20 anos do Integrado UPF. Foi uma noite agradável, bonita e alegre.
Faço parte dessa história nos últimos 10 anos, participei de construção da Proposta Político Pedagógica, bem como da mudança da avaliação para conceito.
É uma escola ímpar, em Passo Fundo e região, pois conta com toda a infra-estrutura de uma Universidade e de uma proposta educacional sempre inovadora.
Todos os anos quando recebo os alunos no segundo ano, verbalizo um sentimento de profunda admiração da opção pela escola, numa etapa conturbada que é a adolescência, pois abandonam o conhecido pelo desafio da proporção do Integrado.
Temos ex- alunos profissionais atuando em todas as áreas do conhecimento, destaques de competência na Comunidade bem como em outros estados e países.
Estar e fazer parte dessa Escola são motivos de muita satisfação e fonte de aprendizagem constante.
Vida longa ao CEMI, aos seus competentes gestores, funcionários e professores!!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Bossa Nova/MPB

Hoje no teatro do SESC ocorreu a apresentação do Grupo Lira Timbres & Cordas apresentando Bossa Nova/MPB. Esse grupo nasceu em maio desse ano e conta com a participação da minha colega Mari Gláucia Becker como vocal. Fui convidada há alguns meses e sempre disse que prestigiaria o evento por dois importantes motivos: a admiração pela colega como uma profissional que sempre está se atualizando e aprendendo, características indispensáveis num docente e pelo gosto do gênero musical que me acompanha desde a infância. Sabia cantarolar a maioria das músicas, o pé não parava, e a vontade era de também de estar lá no palco.
A MPB é a música mais rica do mundo. São dezesseis gêneros musicais, dentre eles a Bossa Nova que, com arranjos, letras e melodias elaboradas, rompeu barreiras, atravessou fronteiras e ganhou o mundo, deslumbrando os músicos de jazz.
Foi uma noite de sons, dons e cultura e nasceu um sonho antigo, o de cantar, quem sabe, vendo a minha colega percebi que tenho muito tempo ainda.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Interação & ENEM

Os professores que acompanharam seus alunos no Interação UPF foram contemplados com uma palestra sobre o ENEM (Exame nacional do Ensino Médio) proferida pela Professora Doutora Cláudia Toldo.
A Professora Cláudia estudou os documentos do Ministério da Educação e do INEP e trouxe esclarecedoras informações que irei repassar pela importância:
- Características do ENEM: Exame individual, de caráter voluntário, oferecido anualmente aos estudantes que estão concluindo ou já concluíram o Ensino Médio em anos anteriores. Hoje o caráter voluntário é questionável, pois 618 instituições adotaram o ENEM para o ingresso. Cogita-se que para os próximos anos o vestibular será abolido por ser um processo caro para ser elaborado. A partir de 2010 haverá provas em abril e outubro e para 2011 a idéia é que serão três provas durante o ano até chegar ao total de sete edições anuais como é nos EUA.
Todos os alunos com 18 anos que não completaram o Ensino Médio e fizerem o ENEM com nota superior a 50 ganharão conclusão de EM e ingresso no curso superior que sua nota possibilitar. Na edição de 2008, dos 2.976 milhões de estudantes inscritos somente 8 gabaritaram a prova.
- Objetivos: Possibilitar uma referência para auto-avaliação, a partir das competências e habilidades (não apenas memória) que estruturam o ENEM.
- Modelo de avaliação: Competência (conhecimentos construídos pelo sujeito no decorrer da sua vida escolar; estabelecer relações entre os conteúdos); Habilidades ( saber aplicar esses conhecimentos). É responsabilidade da Educação Básica construir competências e habilidades.
- Prova: A prova do ENEM é contextualizada e interdisciplinar; através de situações problemas o aluno é levado a aprender a pensar, a refletir e a saber como fazer; valoriza a autonomia do jovem na hora de fazer escolhas e tomar decisões.
Todos os alunos inscritos podem concorrer ao ProUNI(Universidade para Todos); todos os cursos podem ter bolsa ProUNI a partir de 2009 mediante comprovação de carência e nota do ENEM. Podem-se fazer quantas provas quiser e escolher a melhor nota. A bolsa pode ser integral ou parcial do ProUNI em qualquer lugar do país; pode-se inscrever em até três lugares.
O Ministério da Educação pretende criar um currículo escolar mínimo para todo o país bem como abolir a nota do ENADE para aluno ingressante na universidade e só adotar o ENEM.
Foi uma tarde muito proveitosa. Espero que os alunos tenham gostado de suas atividades tanto quanto gostei da palestra. Quanto ao show do Nenhum de Nós assistirei numa próxima oportunidade.

domingo, 8 de novembro de 2009

No Sábado

Eu não escondo que sou apaixonada pela minha profissão e alunos, esse sentimento que vira ação tem me causado alguns problemas, mas deixa para lá, são ossos do ofício.
Ontem, para compensar o calor da semana caía uma chuva calma, fresquinha e convidativa para um bom filme, livro ou conversa com amiga, mas era o meu sábado de aula no AXO nos turnos manhã e tarde. De manhã faltou professora, poucos alunos vieram, enfim, o cotidiano de uma gestão prestes a expirar.
A tarde fiquei emocionada, com os seis alunos a frente da minha mesa em círculo, interessados, motivados, com sonhos e muitos objetivos para o futuro. Seriam cinco turmas atendidas por mim, mas seis inspiradores alunos compareceram. Isso me levou a refletir o quanto ainda é necessário trabalhar para mostrar aos meus alunos da escola pública a importância de aprender e se comprometer com a construção do seu aprendizado e como consequência a perspectiva de um futuro bom.

Sonhos Pedagógicos da Professora Antônia

Há mais de dez anos, participei de um projeto sobre longevidade humana coordenado pelo Professor Agostinho Both (que nos últimos vinte anos tem se dedicado a estudos sobre envelhecimento humano) na escola AXO. Na época, trabalhava com Ensino Fundamental Séries Finais, e foi um ano de atividades, encontros nos finais de tarde, entre um turno e outro.
Apresentamos o resultado da pesquisa na UPF e numa tarde de sábado, no mês de janeiro de 1999, tocou o meu celular e era a Professora Valéria Ghen da Costa, diretora do Integrado, marcando uma entrevista para segunda-feira. Qual foi minha surpresa quando soube que estava sendo convidada para trabalhar com Geografia no CEMI, Dona Valéria havia assistido a apresentação do projeto na UPF e também o Professor Agostinho foi um dos idealizadores do Ensino Médio da UPF... Nesse ano iniciou uma das experiências pedagógicas mais desafiadoras (até hoje) da minha carreira profissional.
Já na Festa dos 47 anos do AXO, o Professor Agostinho doou para a biblioteca da escola uma coleção de livros escritos por ele, Sonhos e Resistência, e os Sonhos Pedagógicos da Professora Antônia despertaram a minha curiosidade. É um livro que nos convida a viver com “consciência e sensibilidade, sermos amantes da sabedoria, da necessidade da alegria de dizer a vida” (encontra-se no prefácio).
Num determinado momento da leitura, encontrei-me na história de Antônia e essa passagem me marcou “(...) Cada qual parece encerrar dentro de seu casulo o que pretende ser. Mudam-se os tempos e com eles as vontades. Mas, de todos os jeitos que se olhar a educação, a escola terá o prazer de confabular com o tempo e sobre os tamanhos do ser humano, tentando dizer que ele, em solidão, estreita a oportunidade de existir”.
Sou e serei grata para sempre aos Professores Agostinho e Valéria pela oportunidade de me realizar profissionalmente, aprender e crescer sempre que o Integrado me possibilita.