sábado, 31 de março de 2012

O Outono

O equinócio de outono já ocorreu, e dias frios deram a amostra de como será o inverno, hoje o Sol ilumina e aquece lá fora mostrando que a vida segue seu ciclo e em cada fase há beleza e desafio.
Acordei bem cedo, como sempre, fui à feira na praça de casa para comprar produtos orgânicos e junto com o frescor matutino me energizei de uma forma que meus alunos diriam que a prô tomou “alguma coisa” para ter tanta vitalidade pela manhã. Cheguei ao HC e deixei o Déo tonto do tanto que falei, mas pelo seu sorriso e disposição acredito que o contaminei com minha alegria, ou será que seu bem estar reforçou meu estado de graça?
Ouvi essa semana que reforma íntima, para ser válida, precisa ser vivida com alegria senão vira ressentimento e doença. Como aluna bem aplicada, estou levando ao pé da letra todos os ensinamentos que a doença e suas decorrências propiciam para realizar as mudanças necessárias à minha evolução.
Semana passada estava apreensiva e chorosa com a vinda para o hospital (a qual será prerrogativa pelos próximos meses), mas quando cheguei me senti “em casa” pela acolhida da enfermagem e funcionárias. O quarto foi o mesmo da outra vez, e a proximidade da nossa –verdadeira- casa facilita tanto que nem senti a semana passar, e assim conclui que somos nós que damos a cor e o tom para a vida.
A Páscoa se aproxima e o Deus Menino ressuscitado traz a mensagem de vivência no amor. Então, aceitar com gratidão o que a vida determina, é viver a plenitude da fé e da esperança.

Tenha um ótimo domingo!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Eu não sou Você Você não é Eu

Eu não sou você
Você não é eu
Mas sei muito de mim
Vivendo com você.
E você, sabe muito de você vivendo comigo?
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas encontrei comigo e me vi
Enquanto olhava pra você
Na sua, minha, insegurança
Na sua, minha, desconfiança
Na sua, minha, competição
Na sua, minha, birra infantil
Na sua, minha, omissão
Na sua, minha, firmeza
Na sua, minha, impaciência
Na sua, minha, prepotência
Na sua, minha, fragilidade doce
Na sua, minha, mudez aterrorizada
E você se encontrou e se viu, enquanto olhava pra mim?
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas foi vivendo minha solidão que conversei
Com você, e você conversou comigo na sua solidão
Ou fugiu dela, de mim e de você?
Eu não sou você
Você não é eu
Mas sou mais eu, quando consigo
Lhe ver, porque você me reflete
No que eu ainda sou
No que já sou e
No que quero vir a ser…
Ou não sou você
Você não é eu
Mas somos um grupo, enquanto
Somos capazes de, diferenciadamente,
Eu ser eu, vivendo com você e
Você ser você, vivendo comigo.

Madalena Freire

domingo, 11 de março de 2012

A Fé

Palavra tão pequena, mas que sustenta nas maiores dificuldades.
Sentimento único que ainda não sei se nasce com a gente ou se é ensinada, ou se os dois, mas que nos alicerça vida afora.
Opção árdua porque contrapõe a ciência, a lógica e precisa ser reafirmada cotidianamente.
Nos últimos oito anos, na preparação dos pais e padrinhos para o Sacramento do Batismo da Igreja Sagrado Coração de Jesus, preguei que ensinassem seus filhos a terem fé para que nas atribulações da vida tivessem força para enfrentar com esperança e dignidade as demandas da vida.
A fé nos enche de esperança e o que nos resta a não ser ela quando tudo depõe contra?
Nesses cinco meses de inabalável fé ouvi diagnósticos, acompanhei as mais difíceis fases e até recebi formalmente veredictos técnicos e, hoje, reflito: o que será necessário para abalar minha fé?
Conversando com uma colega-amiga de longa data ouvi que ela não ensinou o Pai Nosso para as filhas pequenas porque sofria muito na parte: “seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”. Quando acreditamos que somos seres imperfeitos vivendo uma experiência de reforma íntima para a nossa própria evolução, nos colocamos a disposição de Deus e a fé serve para nos dar coragem para seguirmos em direção a nossa missão.
Tenho lembranças remotas da infância em que a fé foi minha aliada, como o dia em que cortei profundamente a mão com uma garrafa de vidro e na hora dos pontos rezei tanto que até o médico residente verbalizou que aprendeu a rezar o Pai Nosso, ou a vez em que estava com a ponta de um dedo da mão infeccionado e quando colocava na água benta parava de latejar.
Coloco-me sim nas mãos do Criador e peço que me ajude a cada dia aumentar a propagar a minha fé, pois sem ela nada me resta.

terça-feira, 6 de março de 2012

Biografias

Sempre gostei de ler biografias e histórias de sofrimento e superação eram as minhas preferidas. Confesso que invejava mulheres fortes, sofridas que passaram a vida toda lutando por uma causa nobre, é claro.
Com o passar do tempo deixei de querer ser uma delas, pois a vida me sorria tanto, para que a dor se havia tanto amor?
Eu era feliz e sabia, expressava e até escrevia. Sábado uma amiga querida me perguntou se eu não sentia medo de ser tão feliz e respondi que sim...
Hoje sou grata pelo passado, vivo cada dia como se fosse o último e o futuro, deixo para quando vier. Tenho aprendido a desaprender tudo o que me dava chão, como minha rotina e extenuante trabalho (como gostaria de me “queixar” dele).
Sinto como se minha vida tivesse sido subtraída de mim, as respostas são aguardadas o tempo todo, para algumas perguntas nem sei por onde começar, outras gostaria de jamais precisar pensar para respondê-las. Gerenciar a vida sozinha, assim de repente, é assustador.
Ouvi da mesma amiga que depois de tudo isso serei tão forte... mas eu não queria ser, ler nas biografias bastava.