Então é Páscoa

Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas, minhas tristezas absolutas, me entupo de ausências, me esvazio de excessos... Eu só vivo nos extremos. Esse pensamento de Clarice Lispector define o meu feriadão e os meus sentimentos nos últimos dias.
Saída da Missa de Páscoa, 19 horas, garoa fina e um trânsito, de repente intenso, meu carro do outro lado da rua e eu tive que me dirigir até a faixa de segurança para poder atravessar a rua, até aí normal. Qual foi a minha surpresa e indignação quando inicio a travessia da faixa de segurança e um motorista resolve vir em minha direção como se eu o estivesse desafiando, por exercer o meu direito de pedestre.
Veja bem, esse motorista poderia até ter saído da Missa, mas Páscoa é passagem, renascimento e vida nova, onde fica a cidadania e o respeito pelo outro? Esse sentimento de superioridade que uns tem em relação aos outros quando estão dentro de um carro é caso de estudo psicológico, daí me veio a notícia do mendigo de Porto Alegre que foi pixado e urinado, por seres que se dizem humanos, mas que muito se parecem com animais.
Precisamos urgentemente rever nossos valores de convivência, aquelas regras que se aprende na escola desde sempre e que depois são deixadas de lado por alguns na vida adulta.