Já assisti alguns filmes, em que a personagem principal, na eminência da morte deixa um legado escrito para os filhos. Hoje acordei com vontade de iniciar esse processo, não se preocupe, não estou deprimida muito menos de posse de algum diagnóstico secreto, mas penso que registrando por escrito ao menos alivie meu coração, talvez seja essa mania de organização, de estar com tudo pronto com certa antecedência, de controle talvez.
Conselho se fosse bom seria vendido diz o ditado popular, mas o que sobra para as mães senão aconselhar?
Um filho encerra em si uma personalidade única, um projeto de vida e feliz ou infelizmente uma promessa de futuro bom (é o que almejamos, nós mães), por isso não há a possibilidade de pensar neles sofrendo qualquer tipo de privação e aí perdemos todo o nosso pretenso controle.
Todas as intervenções, seja através da educação, seja na estrutura familiar tem por objetivo proporcionar segurança, conhecimento e uma construção individual regada de muito amor, esse foi o caminho até aqui.
Mas no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho, diz o poeta, às vezes são montanhas (cada pessoa coloca o seu significado para o mesmo acontecimento, uns mais resilientes, outros...) que precisam ser escaladas, contornadas, estratégias mil articuladas para transpô-las. Aí entra toda a bagagem emocional, intelectual, espiritual, projeto de vida (todos devemos ter um, não importa a idade) para que com determinação e coragem se vençam os desafios que a vida nos lança o tempo todo, é uma carreira solo.
Aprendemos pela dor e pelo amor, por ambos os caminhos nos construímos, mas como seria mais fácil colocar toda a experiência e maturidade de mãe para que a travessia fosse mais tranqüila? O livre arbítrio é o que temos de mais precioso e nós mães precisamos aceitar...
As aves jogam seus filhotes do ninho quando chega à hora de voar, o instinto de sobrevivência se encarrega do resto. Os humanos vivem na geração chamada canguru, estão segurando e cuidando dos seus filhotes com tanto zelo que é até possível estar impedindo-os de alçar seus voos. Como se conosco não tivesse acontecido como no mundo animal e aqui estamos não tão inteiros, mas também nem tão destroçados.
Aprender dói, viver dói, crescer e amadurecer também dói, mas não tem outro jeito de se constituir um ser humano forte e de valor sem passar por essa dor, existem amparos para essa travessia como a leitura, a música, a arte, a poesia, a dança, a família e os amigos. Minhas filhas, acredito muito na espiritualidade como guia do caminho, assim como na missão que cada um tem nesse plano, quanto antes nos rendermos a essa realidade, mais rápido e fácil será a travessia.
Até!
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