Impermanência

Quando a gente pensa que acabou é que tudo começou, refiro-me aos acontecimentos dos últimos dias. Primeiro a Mamãe submete-se a uma cirurgia no final do trimestre das escolas estaduais e haja logística para deixar tudo pronto, lá vão três noites de hospital e uma semana de cuidados e algumas adequações para atender a todas as demandas, ou seja, atendê-la e trabalhar ao mesmo tempo.
Quando parecia que tudo ia voltar ao normal, meu marido (companheiro, referencial de ser humano e alicerce da nossa vida) fica doente, vai para o hospital, fica quatro dias e ganha um diagnóstico que faz nos lembrar de como não somos nada, de como a qualquer hora algo pode acontecer a fazer tudo possuir outro sentido.
Hoje depois do susto passado, de pensar uma nova forma de levar a vida, depois de ver a possibilidade iminente de perder o chão que se pisa, a vida não será mais a mesma, terei de agir diferente. Nunca senti tanto medo na minha vida, como na segunda à noite quando o Deozinho teve uma convulsão. Medo de perder meu companheiro, meu norte, meu incentivador incondicional, medo muito medo.
Acho-me até espiritualizada, sei que estamos aqui para superar muitos desafios, crescer, amadurecer e que as perdas fazem parte do processo, mas juro não estou pronta para ficar sem meu AMOR.
Recebi muitas demonstrações de carinho de gestores e colegas que serão lembradas para sempre, como um telefonema ou uma mensagem no celular pode ser tão alentador? Como é fácil fazer uma pessoa se sentir importante e querida, fica a dica, sempre que puder não deixe de dar apoio e demonstrar carinho, acredito que a solidariedade é o que nos torna mais humanos. Obrigada a todos!
É interessante observar como tudo perde o sentido quando o que temos de mais importante depende de nós, quantas vezes fui trabalhar doente, preocupada, mas encontrei forças para tal. Essa semana poderia ser demitida de todos os lugares que não arredaria o pé daquele hospital, nada me tiraria lá de dentro...
O filósofo Sêneca dizia: “ pessoa sábia é aquela que aprende a aceitar a impermanência como parte da vida, sem sofrer inutilmente por isso.” É uma lição a ser aprendida.