sábado, 30 de outubro de 2010

Comer rezar amar

Comer necessidade básica, rezar alimento do espírito e amar condição essencial para o equilíbrio e felicidade.
Ganhei esse livro de aniversário em 2007, li em conta gotas como a maioria de minhas leituras de lazer (prioridade para leituras de periódicos e livros técnicos, devido ao trabalho) e ontem assisti ao filme.
A história é autobiográfica de Liz Gilbert, uma escritora de Nova Yorque, que depois de um divórcio conturbado e outro relacionamento sem sucesso, resolve fazer uma viagem de um ano para autoconhecimento e busca pelo equilíbrio.
A primeira parada é na Itália, em Roma estudou a arte do prazer, aprendeu italiano e engordou 11 quilos os mais felizes de sua vida, no livro uma parte chata. No filme, as imagens, as comidas, a língua, a trilha sonora foram encantadoras. Eles têm um dizer para a arte de não fazer nada, que eu deveria aprender, mas não moraria onde ela morou, nem por autoconhecimento.
Na Índia se dedicou á arte da devoção e exploração espiritual, mas eu também passo, o Deus está comigo e em mim não preciso buscá-lo em outro lugar.
Na Indonésia, em Bali, estudou a arte do equilíbrio entre o prazer mundano e a transcendência divina. Vários fatores me fizeram gostar do local: as acomodações confortáveis, a paisagem, a música brasileira, os ensinamentos de um xamã e o encontro com o amor.
O contato com culturas e pessoas tão diferentes trouxe e reflexão que família são as pessoas que escolhemos para partilhar a vida. Teve várias frases que gostaria de ter decorado, não tenho essa habilidade, mas a que ter filhos é como fazer uma tatuagem no rosto, essa veio ao encontro do que penso e é assustador e ao mesmo tempo lindo, quando se tem filhos que se encaixam dentro das expectativas sociais, melhor ainda.
Já tive vontade de sair pelo mundo e saber quem eu realmente sou, me reconhecer no desconhecido, hoje já tenho as respostas mais importantes. Aonde coloco os meus pensamentos e sentimentos é ai que estou.
Júlia Roberts e Javier Bardem, protagonistas formam um belo casal no filme que não teve cenas de sexo e nem exposição erótica mostrando e essência da busca.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Viagem de Estudos

Ontem, 27/10/10, às 2 horas, os alunos dos segundos anos do Integrado UPF, juntamente com o professor de Biologia e eu de Geografia realizaram uma viagem de estudos na região de Cambará do Sul, onde se localiza canyons, como o Fortaleza, os Parques Estadual do Tainhas e o Nacional dos Aparados da Serra.
Há cerca de 120 milhões de anos, na era Mezosoica, a bacia sedimentar do Paraná passou por um intenso vulcanismo, houve vários derrames de lava e ao se consolidar formou rochas basálticas no norte do estado e na maior parte do Planalto Meridional do Brasil.
No processo orogenético da formação da Cordilheira dos Andes, na era Cenozoica, a Bacia do Paraná foi soerguida, sofrendo em conseqüência inúmeras fissuras e grandes falhas em suas bordas. Sobre as juntas muitos rios se encaixaram e, graças à erosão deram origens a gargantas e vales profundos.
O bioma da região pertence à Mata Atlântica e na visita ao Parque Nacional dos Aparados da Serra e ao Parque Estadual Tainhas foi possível observar aspectos geográficos e biológicos, oportunizando aos alunos uma visão interdisciplinar e contextualizada da região.
Chegamos a Cambará do Sul por volta das 8 horas, tomamos café num lugar com arquitetura rústica, típica da região e em seguida visitamos o canyon Fortaleza, onde até foi possível visualizar as dunas de Torres no litoral, lagoas e áreas inundadas, pela altitude do lugar e tempo limpo, foi uma boa caminhada. Na volta foi à vez da Pedra do Segredo, mais caminhada e um rio raso para atravessar. O almoço campeiro, não deixou a desejar, após só queríamos uma hora de soneca para descansar, o que não foi possível.
Às 14 horas, fomos em direção ao Parque Estadual do Tainhas, por um caminho mais longo e de uma paisagem deslumbrante. Entre todas as memórias, a travessia do rio Tainhas (quatro vezes), a pé, será inesquecível até porque nunca havia ficado tanto tempo com tênis e calça molhada como ontem, foi uma aventura recompensada pela visão da cachoeira, com uma grande queda, que foi possível ser vista de cima e de baixo.
Fomos recebidos e acompanhados pelos funcionários da Secretaria do Meio Ambiente do RS, ouvimos muitas explicações do gestor e da Prô Milene ( ex prô do Integrado e hoje funcionária do Parque), lanchamos e retornamos para Passo Fundo à 1 hora de hoje.
Observar os alunos, suas reações e ações, ouvir conversas e conversar com eles é a parte inestimável da atividade de viagem de estudos. Só tenho elogios e agradecimentos a todos, são inteligentes, maduros, responsáveis e companheiros de aventuras.
Quanto a mim, acho que deixei a desejar, pois tive que me “ comportar” como uma das responsáveis por eles e não me “loquiar”, adoro essas atividades e às vezes tenho ações pouco seguras, tive que me controlar. Também passei muito frio na ida e dormi muito pouco, o que é um veneno para a minha disposição normal. Mas realizei todas as atividades...
Acredito que essa viagem ficará para sempre na memória emocional de todos e o objetivo da Geografia atingido:

“O ensino da Geografia no século XXI, portanto, deve ensinar - ou melhor, deixar o aluno descobrir - o mundo em que vivemos, com especial atenção para a globalização e as escalas local e nacional, devem enfocar criticamente a questão ambiental e as relações sociedade natureza, deve realizar constantemente estudos do meio e deve levar os educandos a interpretar fatos, mapas e paisagens". VESENTINI,1995.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Interação UPF 2010

Hoje a tarde, no Centro de Eventos da UPF, ocorreu nova edição do Interação, oportunidade de alunos do Ensino Médio conhecerem o campus e os cursos oferecidos pela instituição.
Aos professores foi proporcionado um ciclo de palestras e um espaço para debates coordenado por professoras do Curso de Educação.
Nomearei algumas idéias apresentadas como subsídio na tarefa de se ensinar no Ensino Médio:
- A importância da qualificação em serviço versos a carga horária elevada da maioria dos professores;
- Organizar a Proposta Pedagógica baseada nos artigos 35 e 36 da LDB, nas diretrizes curriculares, por áreas do conhecimento e nos quatro pilares (aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser);
- A docência exige uma conversa transgeracional, é necessário saber o que os jovens pensam, falam que espaços transitam, e a jovialidade é uma prerrogativa do professor;
- A neurociência explica que o processamento cerebral dessa geração é diferente, as tecnologias da informação desde muito cedo possibilita sínteses a partir de indícios e as redes sociais e as multitarefa ilustram bem essa realidade. Mas será que toda essa informação vira conhecimento?
- Aos professores cabe três saberes, científico: o conteúdo em si, empírico: as experiências, as relações conteúdo cotidiano, exemplos, como ensinar para que se aprenda a aprender e com significado e pedagógicos: como ensinar diante dos desafios de quem não quer aprender?
- É preciso que os sujeitos aprendam significativamente, é preciso ter o domínio dos conceitos, se problematize o conceito e se aplique no cotidiano;
“Se não esperançar com o ato de ensinar como esperançar com o ato de aprender?”
O nosso compromisso deve ser em favor da vida!

domingo, 24 de outubro de 2010

Catarse

Escrever para mim é uma catarse. Uma forma de me colocar sem pesar, isto é, nesse cotidiano de muito trabalho e pouco tempo é impossível partilhar com os afetos o dia a dia, opinar seja sobre a situação do tempo, seja do cenário político, seja de qualquer instância da vida.
Esse blog começou de brincadeira e tornou-se uma válvula de escape para canalizar minhas emoções como a de hoje ao ouvir relatos da viagem de Mamãe pelo Nordeste. Sentir a sua alegria, ouvir que andou em um barco de 180 lugares, de buggy, de teleférico, que subiu uma duna muito alta, se aventurou de coletivo urbano por Aracajú, viu o Rio São Francisco, visitou praias onde foram filmadas novelas e filmes, etc.
Quando que há alguns anos atrás eu ouviria tais relatos? Quando que ouviria que o próximo destino será Portugal e Itália no ano que vem? Realmente a vida é cheia de mistérios e o ser humano uma caixinha de surpresas. Precisamos desconstruir conceitos e preconceitos e nos atirar nessa experiência única que é viver.
Assim vejo luz no final do túnel e daqui a onze anos estarei também aposentada (se a Lei da Previdência não mudar por aqui também) e com esse mundão de Deus para desbravar.
Em momentos assim o samba (meu hino) de Martinho da Vila vem à cabeça “viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...”

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dia de Campo da Emater

Durante uns dez anos realizei Trabalho de Campo (TC) em Povinho Velho por abrigar as nascentes dos Rios Passo Fundo e Jacuí, o mais importante do estado.
Hoje acompanhei o segundo ano do IMD, num Dia de Campo da Emater, Embrapa e UPF. Recebemos muitas informações sobre a importância da região, explicações históricas e sensibilização para cuidados ambientais.
Foi uma experiência boa, passou em minha mente muitas das turmas levadas por mim e fatos pitorescos ocorridos, como o dia em que andamos mais do que o normal tendo que pegar o asfalto para voltar ao ônibus e andar alguns quilômetros, havia uma aluna de salto agulha no meio da mata, mesmo eu tendo orientado da vestimenta adequada. Em outra ocasião alguns alunos não quiseram descer do ônibus para verificar as condições do Rio Passo Fundo na ponte de Embrapa alegando o mau cheiro. Mas realizar Trabalho de Campo com chuva só para os muito corajosos, isso também aconteceu.
Numa oportunidade estava ocorrendo Jornada de Literatura em Passo Fundo e coincidiu com um TC, o escritor Sérgio Caparelli leu num jornal local que acompanhou nossa atividade e pediu para conhecer as professoras responsáveis por “aula” tão diferente, o encontro foi registrado e divulgado na Zero Hora.
Nos últimos anos, por motivos os mais variados não realizei mais TC em Povinho Velho. Hoje, agreguei alguns conhecimentos, pude contribuir com outros e tive recordações gratificantes.
Acredito que são essas atividades que tornam a vida escolar cheia de significado e de memórias permanentes.
Essa mesma turma do IMD, dividida em grupos, realizou um TC interdisciplinar que será apresentado na Feira Científico da Escola através de vídeos. Estou ansiosa para verificar o resultado.

domingo, 17 de outubro de 2010

Ser professora

Acho que já nasci professora, veio com o DNA, lembro-me de brincar de aula com alunos imaginários desde sempre. Convivi e me espelhei nas professoras da família. Vim para Passo Fundo na década de 80 para estudar Magistério no Ensino Médio e então ser professora.
Sempre que aparecia uma oportunidade ia a alguma escola estadual substituir professoras e obter a tão importante experiência. No meu estágio, na Escola Estadual Eulina Braga lecionei para o filho da Diretora, meu primeiro grande desafio.
Iniciei minha vida profissional com uma turma de 3ª série no Instituto Educacional (IE). Meu estágio de faculdade realizei no Conceição e recebi o convite para continuar como professora titular(não aceitei). Trabalhei com Educação de Jovens e Adultos no Garra quando conveniado com o IE, depois assumi meu primeiro concurso no Estado 1996, em 1997 fui para o IMD, em 1999 para o Integrado e em 2003 trabalhei com Concursos na área de Conhecimentos Gerais.
Hoje convivo com profissionais da educação das mais diversas correntes e posturas pedagógicas:pragmáticos, humanistas, estudiosos e a todos eu agradeço a convivência e reverencio, pois todos, sem exceção só dão aporte a minha opção diária por participar da evolução de seres humanos, possibilitada pela educação.
Vivo e respiro a minha profissão seja nos livros que leio, nos filmes que assisto, nas viagens que faço e até nas que planejo tudo tem como referência maior a minha profissão.
Anseio por dias melhores, em que o magistério volte a ocupar posição privilegiada e que sejamos remunerados dignamente pela importância da nossa profissão na construção de uma sociedade culta e cidadã.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dia da Criança

Todos carregamos a criança que um dia fomos, deveríamos alimentar a arte de sonhar e de brincar, a ludicidade ajuda a enfrentar a vida com leveza e equilíbrio.
Criança simboliza inocência, ternura e amor, ela está aberta para aprender a ser, a família é a primeira e principal responsável por apresentar o mundo à criança, ensiná-la a ver, sentir e interagir com o outro. É através dos valores e da educação recebida que a criança irá se tornar um ser realmente humano.
Na escola vem à fase da socialização e da ampliação do mundo, o contato com outros valores leva a criança a resignificar o aprendido na família e a construir sua identidade.
Algumas dicas para nós adultos enfrentarmos com leveza e equilíbrio o dia a dia, retiradas da ZH de 02/10/10:
... deixar a infantilidade de lado, tolerando as frustrações e não querendo tudo para já.
... usar seus recursos naturais, como experiência e inteligência, para corrigir, constantemente, o seu modo de agir.
... tentar ser razoável com seus desejos e com as demandas do mundo externo. Não adianta se agoniar tentando ter tudo e ser tudo o que deseja e admira.
... manter presentes o bem-estar e o equilíbrio emocional, gerando a capacidade de adaptação às dificuldades da vida. É justo sofrer e chorar, mas é preciso encontrar os momentos adequados para isso.
... ter prazer nos vínculos sociais, familiares e as experiências compartilhadas.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Alegria

Alegria é um sentimento que humaniza, contagia, agrega e atrai. Não vejo contraindicação na alegria e receber essa característica de alunos inteligentes e adolescentes é, então, motivo para mais alegria e comprometimento de minha parte. Essa e outros aspectos positivos foram destacados no Colegiado do Integrado, ontem à tarde na UPF, em relação a minha atuação docente.
Alegria é uma opção diária, é um exercício de inteligência emocional e uma meta para mim que não concebe educação sem o prazer de ensinar e aprender. Acredito que o professor não será substituído pelas multimídias justamente pela interação com o aluno. Conhecimento por conhecimento o Google dá conta de oferecer, mas é na relação de afetividade que se constrói uma cultura permanente e significativa.
A maternidade e a maturidade me ensinam muito, principalmente a não ser a palmatória do mundo, a dar respostas prontas o tempo todo sobre tudo, a ter paciência, tolerância, empatia, acreditar no tempo diferenciado de cada aluno no processo de aprendizagem, ouvir muito e falar só se for para validar as pessoas.
Essa é uma longa caminhada de autoconhecimento e entendimento da nossa insignificância diante do mistério da vida, pudera, falta somente seis anos para me aposentar do ensino privado, hoje trabalho com colegas que estavam no ensino fundamental quando eu já estava em sala de aula, assim, como estou tendo o privilégio de trabalhar com ex-alunos, esse é o ganho de se dedicar a educação por vocação, quanto mais o tempo passa mais se adquire sabedoria que segundo Scliar “Nós não nascemos sábios, não nascemos com essa compreensão: temos de adquiri-la através da vida, e isso se faz mediante conhecimento... aprendemos a não nos deixar iludir por nossa arrogância, a reconhecer nossas limitações e defeitos, a pensar e a agir de forma serena... é agir bem, resolvendo os problemas de forma eficaz, ética e decente".

sábado, 2 de outubro de 2010

Letra do rap

APRENDENDO E ENSINANDO
Vivo a vida
No preto e no branco
Na escola, na esquina
Aprendendo e ensinando
Normalmente é assim
Vivo pra você e pra mim

Com o livro na mão
E os pés no chão
Na caminhada da vida
Aprender é a maior lição

Trilhei esse caminho
Não sei o que é que tem
Na presença dos alunos
A história de alguém

Aquele que aprendeu
O que o mundo diz
Sofrendo no trampo
E erguendo o nariz

Com os olhos fechados
Vejo a realidade
Crianças sofrendo
Nas ruas da cidade

Aqueles pequenos
Sem oportunidade
Pois é seus pais
Que fazem suas identidades

Passado, presente
Eis a questão
Pois seu futuro
Está em nossas mãos!
Por Arieli da turma 102 do AXO.

A saga do rap

Ontem, no IMD, entrei no 2º ano dançando e cantando o rap, surpresa misturada com “ai meu Deus quem fez isso”, foi o início da manhã (confira no vídeo ao lado), muitas dicas recebi e muita risada demos, faz parte do currículo oculto, onde o professor mostra o seu lado humano, no meu caso, o de criança feliz. No 3º e no 1º ano tudo de novo, afinal precisava ensaiar.
Em casa, às 10h30 minutos abro meu e-mail e meu genro havia mandado algumas outras opções de batidas para o rap, a Giulia chegou da UPF e os ensaios aconteceram, recebi a avaliação de progressos e ouvir suas argumentações foi o que mais valeu à pena, fora as risadas nas turmas, é claro. Ela fez dança, teatro, piano e teclado, possui bagagem cultural e isso reforça a minha opção por investir em educação. Valeu o incentivo!
À tarde na EENAV me “apresentei” nas quatro turmas que dei aula, mais risadas e uma mostra do lado descontraído da prô.
Às 18 horas, no AXO, iniciou a Gincana de Professores, foi um momento único, de muita criatividade e integração. Tiramos o último lugar, a pauta artística estava toda no mesmo nível e o desempate ficou por conta das doações. Quanto ao rap, não deixei a desejar, dou minha cara a tapa, é uma característica, quanto às interpretações cada um carrega conceitos e preconceitos, uma coisa é certa, com os alunos foi mais gratificante e divertido.
Foi uma semana diferente, me desestressei, consegui mostrar um lado que causou todos os tipos de reações e ficou gravado na minha memória emocional positivamente esse momento.
Obrigada galera legal de todas as escolas pelo incentivo.